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O diagnóstico do autismo ainda é algo recente para a ciência, não apenas no Brasil como em todo o mundo. Prova disso é que não existem estatísticas substanciais que apontem o número de casos no país nem em outras nações. A principal referência global, hoje, vem do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla inglesa) dos Estados Unidos, que estima que uma em cada 36 crianças estão dentro do Espectro Autista.
Isto, porém, não significa que não haja nenhum tipo de evolução nos tratamentos. Pelo contrário, nas últimas duas décadas os avanços em torno do espectro têm sido promissores, com uma profusão de estudos publicados mundo afora. Alguns deles no campo da fonoaudiologia, que vem oferecendo transformações na vida de crianças com TEA.
“Características como dificuldade na comunicação, linguagem e interação social são observadas em indivíduos dentro do espectro autista, e superar essa barreira é um desafio que se coloca à frente dos fonoaudiólogos”, justifica Marcela Magalhães Costa, fonoaudióloga do Hospital Felício Rocho.
As terapias variam conforme o nível de suporte, sendo nível 1 aqueles que necessitam de suporte mínimo para atividade do dia a dia, nível 2 referendo a necessidade moderada de suporte e o 3 com necessidade intensa de suporte nas atividades de vida diárias. Crianças com autismo de nível de suporte 1 tendem a apresentar problemas nas expressões faciais e na compreensão plena do uso da língua. Aquelas do nível 2 apresentam maiores dificuldades em relação a essas restrições, enquanto as do nível 3 possuem baixa habilidade do uso das linguagens verbal e não-verbal, afetando fortemente a capacidade de interação com outros indivíduos.
“É comum crianças autistas, mesmo com nível de suporte mais baixo, repetirem sistematicamente palavras e expressões. É uma característica estereotipada dos indivíduos dentro do autismo. A fonoaudiologia permite esse tipo de intervenção, proporcionando o desenvolvimento das habilidades necessárias para que elas interajam mais e explorem melhor o uso da linguagem e das suas relações sociais”, explica Marcela Magalhães Costa. “A ideia é dotá-la de habilidades de linguagem, seja verbal ou não-verbal para o dia a dia. O que trás maior autonomia e possibilidades de comunicar-se e criar novas relações interpessoais para si”, completa.
Entretanto, Marcela alerta que o atendimento mais adequado deve ser feito não só a partir de um diagnóstico bem definido. “Não se pode prescrever medidas a partir de achismos, não existe receita de bolo para à intervenção no autismo. É um acompanhamento que o profissional tem próximo à criança e da família em questão. Existem métodos tradicionais, como o ABA e o Denver, que mostram resultados de excelência em pessoas com espectro autista. Mas não basta iniciar um caminho. É necessário compreender antes a individualidade de cada uma”, pontua.
Para isso, ela recomenda que os pais ou responsáveis busquem apoio profissional especializado diante de alguma suspeita do autismo. “Se perceberem que a criança tem dificuldades de interação social ou comunicação, se há atraso na fala, se ela evita o contato visual ou não consegue compreender os gestos, é importante procurar acompanhamento médico para se iniciar o processo de um possível diagnóstico. Quanto mais cedo se iniciar acompanhamento multidisciplinar, melhor para a qualidade de vida não apenas da criança, mas de toda a família”, orienta a fonoaudióloga.
atualizado em 09/05/2024 - 15:15