CNPQ e Capes estão em 3º e 4º lugares, respectivamente, entre as agências de fomento que mais financiaram, entre 2019 e 2022, estudos relacionados ao ODS 2
Levantamento inédito realizado pela Elsevier mostra o Brasil em 5º lugar mundial nas pesquisas em torno do ODS 2, “Fome Zero e Agricultura Sustentável”. A produção científica nacional ficou 110% acima da média mundial, com mais de 10 mil artigos publicados de 2019 a 2022 relacionados a um dos mais urgentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. Estados Unidos, China, Índia e Reino Unido ocupam, nesta ordem, os primeiros lugares da mostra.
Além da essencial contribuição às metas da ONU, que visam erradicar a fome até 2030, a robusta produção acadêmica brasileira também atende à agenda prioritária do governo federal, que elegeu o combate à fome e à miséria como seu “compromisso número um”. A pesquisa científica é base para elaboração de políticas públicas e projetos da iniciativa privada e sociedade civil organizada.
Os dados do levantamento, oriundos da plataforma SciVal – que abriga resultados de pesquisas de mais de 20 mil instituições de 230 países – também mostraram o Brasil em posições destacadas no que se refere ao investimento em estudos acadêmicos relacionados ao tema Fome Zero.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) alcançaram o 3º e o 4º lugares, respectivamente, entre as agências de fomento que mais financiaram pesquisas relacionadas ao ODS 2 entre 2019 e 2022, no mundo. A National Natural Science Foundation of China e a National Key Research and Development Program of China ocupam os dois primeiros lugares da lista.
A relação direta entre a erradicação da fome e a agricultura sustentável, outra meta do atual governo brasileiro, também foi ratificada pelo recorte da Elsevier, uma das maiores provedoras globais de informações sobre ciência e saúde. Dentre os principais temas que aparecem nas publicações relacionadas ao ODS 2 estão “má nutrição”, “soja”, “agrofloresta”, “controle biológico de pragas”, entre outros.
“O resultado desta análise mostra a relevância dada ao tema pela comunidade de pesquisa no Brasil, além de revelar o CNPq e a CAPES entre os mais relevantes financiadores da pesquisa dirigida a esse ODS no mundo”, ressalta Carlos Henrique de Brito Cruz, Vice-Presidente Sênior de Redes de Pesquisa da Elsevier e Professor Emérito da Unicamp. Brito Cruz destaca também que “A conexão entre essa capacidade de pesquisa e a criação e implementação de políticas públicas ainda enfrenta desafios, pois depende das prioridades nacionais estabelecidas politicamente”.
Uma evidência desse descompasso são os 4,1% da população brasileira, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que ainda sofrem falta crônica de alimentos. Esse dado de meados de 2022 é bem mais alto do que o limite de 2,5%que marca a entrada de uma nação no Mapa da Fome Mundial, para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Produção científica no Brasil também se destaca nos ODS 6, 12, 14 e 15
A pesquisa acadêmica brasileira também saiu à frente, segundo a Elsevier, em outros três ODS: Água limpa e saneamento (ODS 6), com 9.444 artigos indexados na plataforma Scopus, o que representa 44% a mais que a média mundial; Consumo e produção sustentáveis (ODS 12), com 7.680 artigos hospedados na base de dados, 37% a mais que a média da pesquisa global; e “Proteger a vida terrestre” (ODS 15), com 11.634 artigos localizados, o que corresponde a uma produção 159% maior que a média da pesquisa relacionada ao tema, em todo o mundo. O Brasil se destaca, ainda, em pesquisas em torno do ODS 14 “Proteger a vida marinha” com 5.598 publicações, 66% acima da média mundial.
Metodologia
A análise realizada pela empresa utilizou algoritmos e uma estratégia de busca específica. A Elsevier desenvolveu uma metodologia própria para identificar os documentos, a partir de sua plataforma Scopus, que se relacionam a cada objetivo da ONU e, assim, mapear a contribuição da pesquisa científica para o atingimento dos ODS. A metodologia é pública e está disponível na página: https://elsevier.digitalcommonsdata.com/datasets/6bjy52jkm9/1 .
Além de conhecer a metodologia de mapeamento da pesquisa científica relacionada aos ODS, o público – professores, estudantes, gestores de empresas, de ONGs, por exemplo, e a população em geral – também pode auxiliar na identificação dos ODS que se relacionam a cada artigo e sugerir novas publicações para serem adicionadas à base de dados através da página: https://sdgresources.relx.com/match-research-to-sdgs
Imagem: Divulgação | Elsevier.