Bloco que trouxe o tema “Realce – quanto mais ozadia melhor”, arrastou uma multidão da Av Afonso Pena até a Av. dos Andradas; Geo Cardoso, idealizador e vocalista do grupo, comemora o clima de paz durante a festa, que não precisou parar em nenhum momento para apartar brigas

Por Heberton Lopes | Grupo Balo
Foto: Glenio Campregher

A segunda-feira de Carnaval foi marcada por muita alegria, diversão, paz e, claro, música boa. Pelo oitavo ano consecutivo, o Baianas Ozadas colocou o seu bloco na rua e arrastou milhares de foliões pelo Centro de Belo Horizonte com clássicos do axé e uma bela homenagem a Gilberto Gil, em cinco horas ininterruptas de desfile. A chuva que caiu no começo da apresentação não desanimou o público e serviu para refrescar o corpo e lavar a alma de quem escolheu o bloco que mistura Minas com Bahia para curtir.

Por volta das 9h, os foliões já começaram a se aglomerar em volta do trio elétrico estacionado na Avenida Afonso Pena. A música começou a agitar o público sob o comando da ala infantil, Os Baianinhas, com canções para crianças e até uma bateria formada pelos pequenos, sob a coordenação do músico Geovanne Sassá. Um dos pontos altos da apresentação foi a interpretação da música Sítio do Picapau Amarelo, de autoria do homenageado, Gilberto Gil.

Iniciada a folia com as crianças, o Baianas Ozadas seguiu para um dos momentos mais marcantes do desfile do bloco, a tradicional lavagem da escadaria da Igreja São José, em alusão ao ato realizado na igreja de Senhor do Bonfim, em Salvador, e com a anuência dos 13 padres da paróquia de Belo Horizonte. A chuva, que começou a cair quando as Baianas começaram a dançar nas escadas, serviu para lavar não só o local, mas também a alma dos foliões e integrantes do bloco.

Após a icônica lavagem, o Baianas Ozadas saiu em cortejo em direção à Praça Sete, tendo à frente a ala inclusiva, composta por pessoas com deficiência física e intelectual, e a ala de dança. No repertório, sucessos do axé e, claro, canções de Gilberto Gil, arrastando milhares de foliões. Em seguida, o cortejo desceu a Avenida Amazonas, virou na dos Rua Tupinambás e seguiu até a Avenida dos Andradas. O trajeto, que a princípio seria até a Praça da Estação, foi alterado para o sentido contrário devido ao grande número de foliões acompanhando o trio elétrico e, por isso, a dispersão foi realizada perto do Viaduto Santa Tereza, por volta das 15h.

Gilberto Gil, o grande homenageado do ano, esteve presente com as suas canções durante todo o desfile. ” Escolhemos Gil pelo conjunto da obra e por ser mais um baiano carnavalesco nato. Além disso, por sua história, já que ele é um dos criadores do movimento da Tropicália e ainda ex-ministro da cultura. Gilberto Gil é um artista revolucionário que em mais de 50 anos de carreira, se posiciona entre o poético e o político, ocupando um lugar singular para a cultura brasileira. Neste ano o Baianas Ozadas percorreu a obra e a trajetória de Gil, posicionando o bloco em meio ao carnaval de Belo Horizonte, difundindo a alegria aliada ao respeito as diferenças. Respeito ao direito de todos participarem da festa, fortalecendo o combate às discriminações e preconceitos, sejam elas de orientação social, racial ou sexual”, explicou Geo Cardoso, que para o Carnaval de 2020, contou com o trabalho dos artistas artistas Yuri Leite (vulgo DJ Yuga) e Pedro Varella na criação da identidade visual do bloco.

Para colocar o bloco na rua, o Baianas Ozadas, além de arrecadar fundos com a venda de produtos oficiais, como camisetas, copos e adereços, realizou alguns ensaios abertos. Mas a maior fonte de recursos veio dos patrocinadores Skol e Azul, que ajudaram o bloco do coração de BH a carnavalizar ainda mais a capital mineira.

Clima de paz

Emocionado, Geo Cardoso, idealizador e vocalista do Baianas Ozadas, se orgulha por ter concluído o trajeto da Avenida Afonso Pena até a Avenida dos Andradas sem ter que pausar em nenhum momento por causa de brigas. “Sem palavras para descrever o que foi o nosso desfile, que, pelas imagens aéreas, é possível constatar que foi o maior da história do Baianas. E tudo em clima de paz, alegria, diversão e muito axé”, contou.

atualizado em 28/02/2020 - 11:42

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